Sobre os rins e a doença renal do diabetes
Para que servem os rins?
Os rins têm uma função importante de filtração de substâncias do nosso corpo. Cerca de 20 a 25% do volume do sangue bombeado pelo nosso coração passa pelo rim por unidade de tempo. É uma troca: enquanto o coração leva sangue com nutrientes e oxigênio para os rins, este devolve o sangue filtrado para o coração. A filtração do sangue que chega aos rins determina o que deve permanecer no corpo, promovendo a eliminação de produtos (ácido úrico, creatinina e ureia) ou a reabsorção deles (ex.: manutenção da água e sais minerais).
O que seria a doença renal do diabetes?
Os rins são órgãos conectados com o restante do corpo por meio de vasos sanguíneos. Níveis muito altos de açúcar no sangue durante tempo prolongado pode causar lesões neles, o que dificulta o trabalho de filtração que o órgão exerce.
Os rins funcionam como uma peneira: ele recebe praticamente todo o sangue bombeado pelo nosso coração a cada 4 minutos e filtra o que deve ser excretado e o que deve ser reabsorvido. Em geral, substâncias muito grandes do nosso corpo não são detectadas na urina devido ao tamanho, enquanto substâncias pequenas são detectáveis.
A albumina é uma proteína muito grande, que os rins são incapazes de excretar normalmente. Entretanto, quando seus vasos sanguíneos são danificados, essa substância pode ser encontrada na urina, sendo o primeiro sinal de que algo não está bem.
Com o passar do tempo, esse trabalho de filtração pode piorar, e substâncias que deveriam ser excretadas continuam no sangue. A creatinina é o resultado final do nosso metabolismo e normalmente é excretada pelos rins. Quando a filtração não ocorre de maneira adequada, a creatinina se acumula no sangue, assim como o corpo acumulará mais sal e água do que normalmente, podendo resultar em inchaço.
Importância do monitoramento dos rins
Qual é a importância do acompanhamento e o que eu posso sentir?
A Federação Internacional de Diabetes estima que a diabetes e a hipertensão juntas causam 80% dos casos de doença renal terminal em todo o mundo. Como a causa principal é a hiperglicemia mantida por muito tempo, cerca de 40% das pessoas que vivem com diabetes podem desenvolver doença renal ao longo de sua vida.
Em estágios iniciais, a doença renal do diabetes se apresenta sem sintomas, ou com sintomas não tão facilmente percebidos. Os primeiros sinais são:
- Albumina na urina (também indica um risco maior de doença cardíaca);
- Uso mais frequente do banheiro à noite;
- Alta pressão sanguínea.
Com o passar do tempo e avanço do estágio da doença, os sinais e sintomas costumam ser mais facilmente percebidos, como abaixo:
- Inchaço do tornozelo e perna (chamado de “edema”);
- Cãibras nos músculos, especialmente na perna;
- Fraqueza, palidez e baixa contagem de células do sangue (anemia) percebida em exames;
- Coceira;
- Enjoo de manhã, náusea e vômito;
- Menor necessidade de insulina e medicamentos para diabetes (o que não é bom, pois significa que seus rins não estão conseguindo separar a proteína adequadamente);
- Redução na taxa de filtração glomerular (TFG) com a perda progressiva da função renal (percebido em exames).
Além disso, os rins desempenham uma função de regulação da pressão sanguínea e da quantidade de líquidos presentes nos vasos. Como na doença renal do diabetes há uma retenção maior de líquido e sódio, ocorre um desequilíbrio desse mecanismo, podendo levar à hipertensão, causando mais carga ao rim, o que leva ao maior acúmulo de líquido e sobrecarga ao coração. Ou seja, a doença renal crônica também pode ser um fator de risco para complicações cardiovasculares.
Acredita-se que uma pessoa possa perder cerca de 90% da função dos seus rins até começar a sentir os primeiros sinais ou sintomas. Por isso, sempre faça os exames que seu médico solicitou para detecção precoce da doença e evitar uma evolução para a falência renal, que é quando os rins perdem a capacidade de fazer suas funções básicas.